O exame físico do idoso apresenta peculiaridades que o distingue das pessoas mais jovens. Portanto, nesse artigo, vamos destacar algumas das principais alterações observadas na região da cabeça e pescoço. Em breve apresentaremos as alterações observadas no tórax e aparelho cardiovascular.
Peculiaridades do exame físico do idoso – Face
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Assimetria facial:
A ausência de dentes é mais comum em idosos e se associa à assimetria facial, o que dificulta o diagnóstico diferencial com a paresia facial secundária à doença do neurônio motor superior.
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Discinesias orofaciais ou bucolinguais:
Consistem em movimentos involuntários da língua, musculatura oral e facial, mandíbula ou músculos mastigatórios. Pode ocorrer em idosos, particularmente naqueles com déficit cognitivo, nos edentulosos e nos que usam drogas antipsicóticas e antiparkinsonianas.
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Artérias temporais:
O achado de artérias temporais aumentadas, tortuosas e/ou sem pulso sugere o diagnóstico de arterite temporal.
Peculiaridades do exame físico do idoso – Olhos
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Ptose palpebral:
Pode ser uni ou bilateral. As causas mais frequentes nessa faixa etária são a ptose senil e a secundária à paralisia do terceiro par craniano.
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Ectrópio:
Eversão palpebral.
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Entrópio:
Inversão palpebral.
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Arco senil:
Consiste em um anel esbranquiçado no perímetro da córnea, sendo comum no envelhecimento normal, sem significado patológico.
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Pupilas:
A pupila do idoso é menor, sendo frequente a presença de pequenas diferenças de tamanho entre as duas. O tempo de relaxamento e acomodação aumenta progressivamente com o passar dos anos, entretanto, a reação pupilar à luz está preservada.
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Prolapso da íris:
Pode ser encontrado ocasionalmente em idosos, em geral, secundário à complicação de cirurgia de catarata.
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Movimentação ocular:
Aproximadamente um terço dos idosos apresenta anormalidades do desvio conjugado do olhar para cima, na ausência de doença neurológica.
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Fundo de olho:
O papiledema é raramente observado em lesões expansivas intracerebrais no idoso. Sua detecção nessa faixa etária normalmente é prejudicada pela coexistência de catarata e dilatação inadequada das pupilas. A sua ausência, portanto, não exclui o diagnóstico de lesão intracraniana.
Peculiaridades do exame físico do idoso – Cavidade Oral
As lesões benignas mais comumente encontradas são:
- Úlceras bucais traumáticas secundárias a dentaduras, dentes fraturados e/ou restaurações;
- Aftas (cada vez menos prevalentes após os 50 anos de idade);
- Veias varicosas na parte ventral da língua (sem significado patogênico);
- Estomatite induzida por dentaduras (alterações inflamatórias localizadas sob as dentaduras);
- Estomatite angular;
- Cáries dentárias e/ou doença periodontal nos que mantiveram os dentes naturais.
Peculiaridades do exame físico do idoso – Ouvidos
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Prega no lobo da orelha (sinal de Lichtstein):
Consiste em uma prega oblíqua, frequentemente bilateral, do lobo da orelha. É observada comumente na idade avançada e considerada possível marcador externo de aterosclerose.
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Acuidade auditiva:
O teste do sussurro pode ser realizado à cabeceira do leito e consiste em pronunciar palavras à distância de 60 cm de cada ouvido. Outros testes, como o de Rinne e Weber, têm papel limitado nessa faixa etária, pois a sua confiabilidade depende da cognição e da cooperação dos pacientes.
Peculiaridades do exame físico do idoso – Pescoço
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Bócio:
O bócio difuso é incomum no idoso, entretanto, quando ocorre, deve-se à doença de Graves, tireoidite, efeito de medicamentos ou linfoma. O bócio multinodular é mais prevalente, usualmente secundário à doença benigna e usualmente não constitui fator de risco para malignização.
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Limitação da movimentação do pescoço:
Secundária à osteoartrose cervical é achado frequente em idosos.
Confira em breve o próximo artigo sobre as alterações observadas no tórax e aparelho cardiovascular