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    Demência de Alzheimer e Direção Veicular: os perigos do subdiagnóstico

    O envelhecimento populacional, apesar de ser conquista da sociedade, gera várias preocupações, uma delas sobre a condução de veículos automotores por idosos.
    A direção veicular é função complexa que requer a integração dos órgãos sensoriais, da função cognitiva e da atividade psicomotora. Os condutores devem, de forma contínua, perceber as mudanças no seu meio, tomar as decisões baseadas nessas percepções e executar as respostas apropriadas. Essas funções podem estar precocemente afetadas nas demências aumentando o risco de acidente automobilístico de duas a seis vezes.

    A direção veicular em pacientes com possível demência associada  será o tema do nosso conteúdo de hoje..

    Aproveite a leitura!

    Condutores idosos versus Condutores não idosos

    Comparado a condutores não idosos, os condutores idosos são três vezes mais propensos a se envolverem em acidentes por quilômetro dirigido com risco de morte três vezes mais alto, como consequência direta desses acidentes.

    Contudo, existe tendência a que os condutores idosos utilizem menos o veículo, dirijam em velocidades menores, evitem as viagens noturnas e restrinjam a direção veicular quando se sintam inseguros, o que resulta em risco similar de envolvimento em acidentes comparado a condutores de meia-idade.
    No entanto, esse comportamento protetor pode não ser observado nos portadores de deficiência cognitiva que podem persistir na direção veicular mesmo que de forma insegura. Considerando que a demência de Alzheimer (DA) afeta a autocrítica, as pessoas com demência não reconhecem as próprias limitações e existem evidências de que aquelas com perda funcional e/ou de suas habilidades físicas não restrinjam a direção veicular.

    Estudo na Suécia e Finlândia: A demência de Alzheimer pode ser a responsável por metade das mortes de idosos envolvidos em acidentes de trânsito

    Os resultados de exames neuropatológicos de 98 condutores com 65 anos ou mais, mortos em acidentes de trânsito na Suécia e na Finlândia, enfatizaram que 33% deles preenchiam critérios diagnósticos definitivos para DA à autópsia e que outros 20% tinham achados sugestivos de DA. É possível que 47 a 53% dos condutores mortos apresentassem DA inicial.

    A prescrição de drogas psicotrópicas (antidepressivos, antipsicóticos, benzodiazepínicos) a pacientes com demência constitui, ainda, fator adicional agravante em aumentar o risco de acidentes automobilísticos em até aproximadamente 50%.

    O déficit cognitivo amplia os riscos de acidentes de trânsito?

    Os pacientes com déficit cognitivo manifestam alguns comportamentos que os colocam em risco aumentado:

    • Dirigir em velocidade inapropriadamente baixas;
    • Erros mais frequentes em cruzamentos;
    • Reduzida atenção a outros condutores;
    • Maior dificuldade no controle da pista;
    • Freadas mais frequentes e sem explicação.

    Demência de Alzheimer: os desafios do diagnóstico

    A identificação dos idosos portadores de demência, que não mais mantêm a capacidade de direção veicular segura, constitui um desafio e uma crescente preocupação em saúde pública.

    A deficiência visuoespacial é frequentemente detectada nos estágios iniciais e intermediários da DA. Assim, os pacientes podem se perder em locais familiares, pode ocorrer desorientação espacial e incapacidade para operar máquinas complexas como veículos automotores. Os pacientes com alterações na memória a curto prazo, desorientação têmporo-espacial e perda do julgamento certamente não estão mais aptos para a direção veicular.

    Assim, os condutores com deficiência cognitiva devem ser identificados precocemente, antes que se envolvam em acidentes.

    Não há até o momento, avaliação padronizada básica de função cognitiva realizada por psicólogos e/ou médicos nas diversas clínicas de exame de aptidão física e mental para condutores e candidatos a condutores de veículos automotores. De modo que, possivelmente, muitos condutores portadores de demência não são identificados.

    Vários consensos internacionais sugerem que a direção veicular se torna impeditiva diante de demência moderada a grave. Embora alguns artigos sugiram que a suspensão da direção veicular não precise ser interrompida na demência leve, no nosso meio, em especial pelas dificuldades de vigilância a esse grupo de pacientes, a direção veicular deve ser impedida a partir do momento em que se faça o diagnóstico de demência, independentemente da etiologia, mesmo que em fase inicial.

    Qual sua visão sobre o tema? Deixe seu comentário e contribua com o iGeriatria.

    Autor:

    Equipe iGeriatria

    Equipe iGeriatria

    Doutor Ulisses Gabriel de Vasconcelos Cunha e Doutor Frederico Brina Corrêa Lima de Carvalho
    Dr. Frederico Brina
    Preceptor da Residência Medica em Geriatria do Hospital dos Servidores do Estado de Minas Gerais

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