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    Leucopenia constitucional caso clínico. pessoa idosa sendo examinada em consultório médico

    Leucopenia constitucional: se familiarize sobre o assunto através de um caso clínico.

    Neste artigo, se familiarize sobre Leucopenia constitucional através de um caso clínico.

    Paciente, 65 anos, sexo masculino, compareceu ao ambulatório de geriatria para esclarecimento de leucopenia crônica, isolada e assintomática.

    Negava processo infeccioso prévio, exposição a derivados do benzeno e/ou outras substâncias mielotóxicas.

    Referia história familiar positiva (mãe e irmão também portadores de leucopenia).

    Na história médica pregressa apresentava epilepsia de início na adolescência em uso de anticonvulsivante, carbamazepina, hipertensão arterial sistêmica, sem lesão de órgão alvo, em uso de inibidor da enzima conversora da angiotensina, perindopril.

    Não havia relato de distúrbio do humor ou déficit cognitivo prévio e vivia uma vida independente na comunidade.

    Ao exame físico o paciente estava corado, hidratado, afebril e não apresentava adenomegalias. O exame físico dos aparelhos cardiovascular, respiratório e digestivo também não apresentava alterações. 

    Na avaliação do sistema nervoso não havia déficits neurológicos focais.

    O rastreio cognitivo não apresentou alterações e também não preencheu critérios para depressão maior ou transtorno de ansiedade generalizada pelo DSM-V.

    Portanto, foram solicitados exames complementares:

    • Hemograma:
      • Hemoglobina 13,2 g/dL
      • Plaquetas: 198.000/mm3
      • Leucócitos: 2.800/mm3 (valor de referência: 5.000-11.000), segmentados 1.030/mm3, linfócitos: 1.100/mm3
    • O restante da revisão laboratorial, incluindo HIV, sorologias para hepatite B e C, vitamina B12, ácido fólico, FAN, fator reumatóide e VHS estavam dentro da normalidade
    • Eletrocardiograma mostrava ritmo sinusal regular e o ecocardiograma transtorárico não apresentou alterações.
    • Radiografia de tórax sem alterações
    • Ultrassonografia de abdome: aterosclerose discreta de aorta e fígado e baço sem alterações. 

    Assim, a impressão diagnóstica foi de leucopenia leve, assintomática, de evolução crônica, em paciente melanodérmico, com história familiar positiva para leucopenia e em uso de droga potencialmente causadora de leucopenia (anticonvulsivante), sem outras citopenias, atipias ou macrocitose.

    A conduta inicial foi repetir o hemograma com hematoscopia rigorosa que manteve a leucopenia e a ausência de atipias no sangue periférico.

    Em seguida foi substituído o anticonvulsivante, entretanto, o paciente persistiu com a leucopenia.

    Paciente foi então orientado sobre a benignidade do quadro, sem condutas adicionais.

     

    Leucopenia 

    A leucopenia consiste na redução global do número de leucócitos no sangue. O mais comum é que a leucopenia seja secundária a neutropenia ou linfopenia.

    • Neutropenia: contagem inferior a 1.000 neurófilos/mm3. Acima deste valor quase não há prejuízo da defesa fagocítica e não há risco aumentado de infecções.
    • Neutropenia grave: contagem inferior a 500 neutrófilos /mm3
    • Neutropenia muito grave: contagem inferior a 200 neutrófilos /mm3.

     

    Como abordar a leucopenia:

    1. Pesquisa de familiares portadores de leucopenia. Se positivo, avaliar o diagnóstico de leucopenia constitucional. A contagem de leucócitos tem uma ampla diferença genética, sendo mais baixa na população negra.
    2. Identificar possível exposição a substâncias mielotóxicas e/ou medicações que levem a neutropenia. Em caso afirmativo, avaliar a troca, se possível.
    3. Avaliar se a leucopenia é crônica ou aguda. Quanto mais crônica, menos provável de representar uma doença.
    4. Classificar a gravidade. Quanto mais grave for a neutropenia, mais provável de se diagnosticar uma doença hematopoiética.
    5. Avaliar a presença de outras citopenias, de macrocitose e/ou de células atípicas. Se neutropenia isolada, menos provável de se tratar de uma doença de base. Assim, a avaliação do esfregaço é de fundamental importância diagnóstica. 
    6. Pesquisar infecções (HIV, hepatites B e C), doenças auto imunes e outras doenças que cursem com leucopenia (hiperesplenismo, desnutrição, deficiência de B12 e /ou ácido fólico, entre outras). 

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    Autor:

    Equipe iGeriatria

    Equipe iGeriatria

    Doutor Ulisses Gabriel de Vasconcelos Cunha e Doutor Frederico Brina Corrêa Lima de Carvalho
    Dr. Frederico Brina
    Preceptor da Residência Medica em Geriatria do Hospital dos Servidores do Estado de Minas Gerais

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